Será o fim da MTV brasileira?


 Triste o desmanche da MTV Brasil. Nas últimas semanas, a emissora demitiu mais de 40 funcionários – o equivalente a 10% de sua folha de pagamento. “Top Mundi”, “Derrube o Clipe” e “Hora Extra” saíram do ar. As produções do “Comédia MTV” e do “Quinta Categoria” foram suspensas. As atrações continuarão na grade, alternando inéditos e reprises. Já o “Grampo MTV” e o “Mod MTV”, também em ritmo de espera, serão reexibidos até o final do ano, sem previsão de novidades.


A emissora tenta minimizar a crise, afirmando que as demissões em massa chegaram ao fim e que novas atrações estréiam em setembro: “Luv MTV”, programa de namoro apresentado por Ellen Jabour; “Sangue B”, comandado pelo rapper Emicida; o novo “Acesso MTV”, com o dobro de tempo; e a faixa “Erótica MTV”, nas madrugadas.


No entanto, o clima não é bom nos corredores da emissora. Desde que o Grupo Abril comprou a participação da Viacom (30%) e se tornou o único dono da MTV Brasil, em dezembro de 2009, funcionários e ex-funcionários relatam um ambiente tenso. As demissões em número elevado começaram no final de 2010.


Lamentável destino para a MTV Brasil, que sobreviveu a turbulência de 2007, quando Zico Góes, diretor de programação na época, decidiu matar o formato que consagrou a emissora no mundo e no Brasil. “O videoclipe não é tão televisivo quanto ele já foi. Aposta em clipe na TV é um atraso”, afirmou. “Disk MTV”, “Chapa Coco” e “MTV Lab” foram cancelados. “Os videoclipes não colaboram para o avanço televisivo e apostar neste formato é receita para a queda de audiência”, disse o executivo.
Logo em 2008, a música retomou seu espaço na MTV Brasil e passou a ocupar 12 horas da grade diária. Zico Góes, diretor de programação desde 1995, deixou a emissora.


De lá para cá, a MTV Brasil lançou atrações que conquistaram público e crítica pela criatividade. “15 Minutos”, “Adnet ao Vivo”, “Furfles”, “Descolados”, “Comédia MTV”, “Furo MTV”, “Quinta Categoria”, “Mod MTV”, “Notícias MTV”, “Grampo MTV” e “It MTV”, entre outros, adicionaram humor, jornalismo, cultura digital, moda, entrevistas e até teledramaturgia à grade. Sem abandonar a música, a emissora soube diversificar sua programação.

Zico Góes, que voltou ao cargo de diretor de programação em 2011, definiu a reestruturação como uma “mexida forte nas entranhas” ao colunista Maurício Stycer, do “UOL”. “A MTV perdeu moral, ficou sem identidade”, declarou. “O remédio: apostar na marca”, disse, completando com algo curioso para quem matou o videoclipe: “Ser percebida como uma emissora musical”.

Entre incertezas, Marcelo Adnet, que negocia a renovação de seu contrato, anda chateado com os rumos da emissora. O mesmo acontece com Dani Calabresa. “Gravando o ultimo ‘Quinta Categoria’ do ano. E talvez da vida”, publicou a humorista Tatá Werneck em seu perfil no Twitter (@tatawerneck), na última terça-feira (30/8).

Resta esperar que a programação da MTV Brasil não perca a qualidade e a diversidade conquistada. Nem que volte no tempo, recheando sua grade com atrações internacionais sem identificação com o público brasileiro.

Elijonas Maya 
@Elijonnas 

Por Ale Rocha YahooBr


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